sábado, 19 de junho de 2010

Liberdade

Independencia. O sonho de qualquer adolescente, de qualquer adulto.
Enquanto jovem, sonhamos com a independencia economica, sair da casa dos pais e termos a nossa própria vida, autónamos.
Enquanto adultos, essa noção de liberdade muda. Aceita-se a liberdade como abstracta, um espaço só para o adulto, onde se pode sentir confortavel. Talvez uma viagem seja sinónimo de liberdade. Mas o pensamento comum é a aceitação do termo liberdade, e de que existe maneira para a atingir. Mas o que será mesmo a liberdade? Quando a atingimos, percebemos que a liberdade é muito diferente do que estavamos à espera. Saímos de casa dos pais, temos emprego fixo, dinheiro para pagar as despesas... somos livres ? Duvido que a noção de liberdade que tinhamos seria o ritmo de vida que passamos a ter ao viver sozinhos. O ter constantemente algo para fazer em casa, os horarios apertados do trabalho e do almoço, o tempo para a higiene pessoal, as compras que temos que fazer. Dizem que isso é liberdade ? Mas ficamos livres de que ?

Passamos a vida toda com a nossa liberdade abstracta, sempre condicionados. Procuramos alcança-la como forma de termos objectivos, mas mesmo na vida adulta, com familia constituida, a nossa liberdade modifica-se para podermos passar tempo com os nossos filhos e mulher, e tentar manter a familia estavel. Por tudo isto e outras milhoes de razões que seriam inúteis de comentar, a liberdade como ser humano não existe mesmo. Somos sempre condicionados. Mesmo quando escolhemos um estilo de vida anarquista somos condicionados por esse estilo de vida.
E é aí que entra a liberdade mental: podemos ter milhões de correntes a prender-nos o corpo, mas a nossa mente vagueia livre... uma teoria muito bonita de se imaginar, mas será que isso é mesmo assim ? Com todas as modernas tecnicas de psicologia, aplicadas ao marketing, ao trabalho e a tudo o resto da vida, os proprios "media" conseguem fazer o nosso pensamento. Os mais laicos querem acreditar que estão a ser muito originais , mas tudo resulta de um pensamento em massa. Também os nossos pensamentos são extremamente condicionados pelo próprio espaço-tempo em que vivemos. Que se conclui de tudo isto? Que a liberdade não pode ser atingida, pois não passa de uma ideia, uma noção eternamente abstracta.

A melhor maneira de sermos livres é admitirmos que estamos presos.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago 1992-2010

E foi hoje, que Portugal ficou órfão.